Neste mês de junho, o professor Ramón Chaves, da Oficina de Ativismo do Ensino Médio, promoveu um debate  com o tema “Conflito na cidade: violência, racismo e resistências”. Na mesa, estavam os palestrantes Márcia Leite e Carlos Alberto Gonçalves. O evento fez parte do ciclo de debates “Cidade, violência e integração social”.

Carlos, morador da Maré e estudante de Engenharia de Produção da UERJ, foi muito aplaudido pelos alunos.

– A gente vive num estado de exceção. A lei não é para todos. Há muito preconceito racial, há um racismo praticado pelo Estado e as políticas públicas são cada vez mais destruídas. Em 2015, 111 tiros de fuzil foram disparados num carro onde estavam jovens negros desarmados. Cento e onze tiros, gente. Uma das mães destes jovens mortos morreu um mês depois. E sabem o por quê? Tristeza. Dizem que corpos negros em movimento são perigosos. O andar pra vocês é tranquilo. Pra mim não é – disse Carlos, que é professor e coordenador do Centro de Pré-vestibular do Centro de Estudos e Ações solidárias da Maré (CEASM), na Maré, e integrou a equipe criadora o aplicativo “NósPorNós”, que recebe denúncias de violações de direitos humanos praticadas por agentes do estado. Atualmente é colunista do jornal O Cidadão.

Já Marcia é professora associada e pesquisadora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Departamento de Sociologia/Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais). Coordena a Pós-Graduação Lato Sensu em Sociologia Urbana do Instituto de Ciências Sociais da UERJ e atua nos temas: favela, Estado e mercado, sociabilidade e ação coletiva, religião e política, violência, território e segregação.

Mosaico reflexivo

Para Ramón Chaves, o evento trouxe vozes extremamente qualificadas, mas de lugares sociais distintos, para compor um mosaico reflexivo sobre a questão da violência urbana, do racismo e da cidadania.

– De maneiras distintas, mas complementares, os palestrantes discutiram como a experiência cidadã dos moradores de favela é atravessada por um racismo institucional que decide quem vive e quem morre, como vive e como morre. A forma e o conteúdo da discussão enriquecem a formação ético-política e acadêmica dos nossos estudantes – defende ele.