Letramento digital e educação midiática: essa expressão ainda pouco conhecida significa, em poucas palavras, o processo da educação aliado às ferramentas tecnológicas (tablets, computadores e celulares). No mês passado, o pediatra e sanitarista Daniel Becker e a psicanalista Nidia Lucia Edler foram à EDEM conversar com as famílias da escola sobre a relação de crianças e adolescentes com o celular e sobre segurança digital, um dos fatores mais complexos da parentalidade contemporânea.
Agora, neste mês de maio, foi a vez de crianças e jovens entrarem no debate: as turmas do 5º ano do Ensino Fundamental 1, as do Fundamental 2 e as do Ensino Médio da EDEM estão recebendo as visitas de Paula Martini (no Ensino Fundamental 2 e Ensino Médio) e Talita Figueiredo (no Ensino Fundamental 1) que, além de mães da escola, são especialistas e pesquisadoras a respeito do uso de tecnologias pelas novas gerações. A ideia é que, cada vez mais, as crianças e os jovens reflitam sobre estas questões tão pertinentes.
“A Talita, que é jornalista e doutoranda em Ciência da informação, conversou com as turmas de quinto ano. Ela trouxe pontos muito importantes: um deles é desnaturalizar o convívio no mundo digital. Trazer para as crianças um olhar crítico para comportamentos como a busca por likes e por seguidores e o que está por trás disso – lembra Luiza Gullino, psicóloga do Ensino Fundamental 1.
Já nas turmas de Ensino Fundamental 2 em diante, Paula começou a conversa de maneira empática, reconhecendo que é mesmo satisfatório passar horas no celular e que a arquitetura das plataformas como YouTube, TikTok e Instagram é realmente toda muito bem pensada.
“Quis mostrar para as turmas que a ideia de quem está por trás dessas plataformas é “enganchar” nossa atenção – sejamos crianças, adolescentes ou adultos. Foi incrível ver estes jovens chegarem à conclusão, por eles próprios, sobre o que exatamente é o produto vendido pelas plataformas: entenderem que as big techs são negócios bilionários que usam mecanismos de psicologia comportamental para capturar e vender nossa atenção aos anunciantes, de forma segmentada – defende Paula, que é fundadora da iniciativa de educação digital @internetdaspessoas.
Para ela, promover um uso consciente e crítico envolve informar sobre a importância da regulação das plataformas, e pensar, juntos, alternativas para hackear essa força.
As pesquisadoras também conscientizaram as crianças a respeito dos riscos a que estão expostos e a interação com desconhecidos em jogos online, para que tanto elas, quanto os jovens, reflitam de maneira adequada sobre como agir diante destas situações.
“Foi uma atividade muito interessante, que envolveu muito as turmas e trouxe dados surpreendentes”, conta Claudia Travassos, psicóloga do Ensino Fundamental 2.
Para quem se interessa sobre o assunto, indicamos a leitura do artigo de Talita e de Paula, sobre este tema, aqui no blog da EDEM!